terça-feira, 18 de setembro de 2012

Buenos Aires - bairro a bairro.

LA BOCA
Muitos historiadores asseguram que foi em La Boca, às margens do Rio Riachuelo, que o explorador espanhol Don Pedro de Mendoza fundou o primeiro núcleo que daria origem à Buenos Aires, em 1536. Naquela época, La Boca não passava de uma zona pantanosa habitada pelos índios. Com a morte de muitos colonizadores por doenças e ataques  indígenas, o precário assentamento foi abandonado.
Enquanto Buenos Aires crescia e se expandia, La Boca era pura expressão da vida no porto: trabalhadores imigrantes pobres amontoados em cortiços, vielas escuras, casas de prostituição. O local foi um dos berços do tango, mas passava longe de ter charme - ou turistas! A transformação se deu com o pintor Benito Quinquela Martin, que nasceu no bairro e fez dele sua maior inspiração - o que era decadente ganhou cor. Foi ele quem criou, com outros amigos artistas, o principal cartão postal de Buenos Aires: o Caminito


 
O Caminito é uma viela com uma mistura de painéis, murais e esculturas. Com apenas 100m de comprimento, essa rua de pedestres traduz em cores vivas a alma dos imigrantes que povoaram o bairro no século XIX.
Em 1959, quando o antigo ramal da estrada de ferro que passava por ali foi fechado, um grupo de artistas locais, liderado por Quinquela Martín, começou a fazer mosaicos e pinturas nos muros e nas paredes das moradias simples.
 

 
Recebeu este nome em homenagem ao tango de Juan Dios Filiberto, que era morador do bairro.
A passagem, cercada pelos típicos cortiços de La Boca, é um dos locais mais visitados da cidade.





Mas La Boca vai além de histórias e cores. Pra muita gente é o bairro mais sagrado de Buenos Aires. Afinal, serviu de Olimpo para dois deuses maiores: Gardel e Maradona. Aqui fica o mítico estádio La Bombonera, do Boca Juniors.



Uns dizem que o estádio, oficialmente chamado Alberto José Armando, ganhou esse apelido por causa de sua forma retangular, como a de uma caixa de bombons. Outros garantem que é chamado assim em alusão à caixa de bombons que o arquiteto Victorio Sulcic recebeu durante as obras.



O estádio tem capacidade para 50 mil pessoas, mas seu  projeto inicial era para 100 mil. A Prefeitura não autorizou a expansão. Diante da falta de espaço, a solução foi crescer pra cima, construindo três anéis de arquibancada. Quem fica sentado lá do alto vê os jogadores de cima. O estádio possui visitas guiadas e o Museo de La Pasión Boquense, bem abaixo das arquibancadas.



Monitores de TV mostram o que acontecia no séc. XX enquanto o Boca arrebatava troféus. No cinema 360º, o balónmicrocine,  tem-se a sensação de estar disputando uma partida no estádio. Lá está a camisa que Pelé usou no final da Copa Libertadores de 1963 e imagens de Domingos da Guia, que marcou 56 gols pelo time.




Aqui também pode se ver a Puente Transbordador.


A ponte de ferro construída em 1914 tinha o objetivo de permitir que pedestres, carros e bondes atravessassem o Rio Riachuelo, possui um sistema mecânico que movimenta a plataforma de um extremo ao outro. Esse sistema esteve em funcionamento até a década de 60. Devido ao aumento do número de carros e pedestres, ela foi desativada, mas outra foi construída a apenas 100m da original.



Infelizmente, algumas ruas do bairro estão um tanto quanto abandonadas. À noite não convém se afastar dos pontos turísticos e é preferível andar sempre em grupo e de táxi.


SAN TELMO
É um dos bairros mais antigos de Buenos Aires. Ao longo de sua história, foi ponto de encontro e cruzamento de culturas de várias origens. No passado, aqui se depararam plebeus e membros da elite; brancos e negros; criollos (nativos) e imigrantes. Nos dias atuais, obras de artistas contemporâneos se misturam ao acervo dos antiquários. As mansões antigas, onde em outros tempos viviam famílias abastadas, foram transformadas em hotéis, casas de tango e antiquários.



Aos domingos, dia tradicional da Feira de Antiguidades, as ruas em torno da Plaza Dorrego recebem inúmeras barracas de objetos antigos. 
Grupos musicais de diferentes estilos tocam em cada esquina. 

Casais de bailarinos dançam ao ar livre. O candombe, ritmo africano que lembra o samba e que foi trazido pelos escravos africanos para a Argentina e o Uruguai toma conta das ruas depois das 18h. Em 2009 o candombe foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Pode parecer estranho, mas no início do século XIX cerca da metade da população de San Telmo era de origem negra.

 



 Em San Telmo ainda pode-se ver a Casa Mínima.


Com apenas 2,20m de frente, é a menor fachada da cidade. O detalhe mais curioso é que as paredes de tijolo de adobe têm 70cm! O que se vê é o que restou da construção do início do século XIX.









PUERTO MADERO
Edifício que desafiam o céu. Praças com rampas para skate. Pontes de desing arrojado. Puerto Madero nasceu em 1989, quando um novo projeto urbanístico se dispôs a transformar uma zona decadente ao que há de mais futurista na cidade.
 
No século XIX o lugar não passava de um lamaçal e Eduardo Madero, um rico comerciante e engenheiro, se propôs a construir diques para escoar a produção de carne e grãos dos Pampas. Foram erguidos 16 prédios nas docas, mas em pouco tempo o empreendimento se revelou ineficiente e caiu no abandono.

Velhos armazéns de um porto falido, os enormes espaços que passaram décadas às moscas, com a urbanização, ganharam bares in, restaurantes, lofts, escritórios cool à beira do canal. O movimento atraiu novos empreendimentos e investimentos que deram origem a um boom em ambas as margens do rio.

Hoje Puerto Madero é um dos bairros mais nobres da cidade, e centro financeiro e gastronômico da capital.


PUENTE DE LA MUJER

Essa ponte de pedestres é uma espécie de homenagem ao conjunto da obra. O autor, Santiago Calatrava, teria se inspirado em um casal dançando tango, sendo a parte sinuosa, um braço de 39m, a silhueta feminina. A ponte tem uma estrutura de aço de 160m, e um trecho giratório sustentado por 600 cabos, que giram para as embarcações passarem.




 
CORVETA URUGUAY
(Buque Museo Corbeta Uruguay)

Este navio do séc. XIX é a mais antiga embarcação argentina conservada. Foi navio-escola da marinha e, entre seus feitos heróicos, tem um resgate na Antártica em 1903. Hoje funciona como museu flutuante.





FRAGATA SARMIENTO
(Buque Museo Fragata Presidente Sarmiento)

Essa fragata de madeira, aço e bronze, com 85m de comprimento, 12 canhões e 35 velas também foi navio-escola da marinha. Percorreu o equivalente a 42 voltas ao mundo. Também funciona como museu flutuante. Destaque para o camarote do chefe de estudos, que se conserva como o original.



CASINO
Em Buenos Aires a legislação proíbe cassinos na capital. Porém, o jeitinho portenho resolveu o problema atracando uma antiga embarcação, tipo do Rio Mississipi, em Puerto Madero,  às margens do Rio de La Plata, onde já é considerado território da província, e não da capital.



O Casino de Puerto Madero tem capacidade para mais de 2.500 pessoas, numa superfície de 2.700 m quadrados, distribuídos em 4 andares. A entrada é gratuita e oferecem diferentes opções de bares e restaurantes, além de uma vasta gama de mesas e máquinas de jogos e apostas.





RETIRO
Basta um breve passeio pela Plaza San Martin e seus arredores para constatar que a antiga elite portenha aspirava a transformar Buenos Aires na Paris da América do Sul. A capital francesa era o exemplo a seguir na virada do século XIX para o XX, anos em que se consagrou como agroexportador da Argentina. O nome do bairro deve-se ao Retiro, um antigo prédio que existiu no século XVIII onde se fazia o comércio dos escravos vindos da África para a região do Rio da Prata. O local onde hoje está a Plaza San Martin já presenciou corridas de touros no início do século XIX.




A famosa Calle Florida, que hoje é uma grande rua de pedestres com lojas e shoppings, além de casas de câmbio, lanchonetes e bares, era via de acesso dos toureiros e do público.




A Calle Reconquista, depois que virou um calçadão, ganhou charme para o happy hour da cidade.É repleta de pubs animados, que fervem principalmente no verão. A ambientação normalmente é com pouca luz e muita música.





 
A Calle Arroyo é, sem dúvida, um dos pedaços mais parisienses de Buenos Aires. Nessa rua charmoso da cidade, estão vários antiquários e galerias de arte. Algumas galerias oferecem as gallery nights, quando ficam abertas até mais tarde da noite e seus patrocinadosres oferecem champagnes e concertos.






MUSEO DE ARMAS DE LA NACIÓN

Criado em 1902, ocupa um importante setor do velho Palacio Paz, considerado o edifício mais representativo da arquitetura francesa em Buenos Aires e atualmente sede do Círculo Militar. Possui 18 salas de mais de 2.000 armas em exibição, que revelam a evolução das armas desde o século XII.





PALACIO SAN MARTÍN
(Palacio Anchorena)

Foi construído para ser residência da aristocrata Mercedes Castellanos Anchorena, no início do século XX, e possui 3 residências, que foram ocupadas por mãe e filhos, respectivamente. Serviu de cenário para vários acontecimentos sociais, como o famoso baile da independência, em 1916. 
Em 1935, passou para as mãos do Estado e foi rebatizado como Palacio San Martin.



PLAZA SAN MARTIN

É considerada por muitos portenhos a mais bela da cidade. Há dois monumentos importantes: um ao General San Martin, que alí derrotou os ingleses em 1807, e outro aos Mortos na Guerra das Malvinas. Ao seu redor podem ser vistos prédios imponentes, hotéis tradicionais e o famoso Palacio San Martin. Vale à pena desfrutar das sombras dos jacarandás centenários.





TORRE MONUMENTAL
(Torre de Los Ingleses

Construída pelos descendentes da Rainha Elizabeth em homenagem ao centenário da Independência, foi inaugurada em maio de 1916 e possui 60m de altura, cinco sinos de bronze e um relógio de 4,4m de diâmetro - o Big Ben Portenho.  



RECOLETA                                                                          
A Recoleta é o bairro mais francês de Buenos Aires. Foi o ex-prefeito Torcuato de Alvear que abriu a Avenida Alvear em 1885 e que deu ao bairro as suas feições atuais. A inauguração foi seguida da construção de edifícios suntuosos e praças verdejantes, que logo a tornaram a região mais chique da cidade, abrigando os grandes hotéis de luxo e lojas de grifes internacionais.


IGLESIA NUESTRA SEÑORA DEL PILAR

Foi declarada Monumento Histórico Nacional em 1942. É a segunda igreja mais antiga da cidade - a capela foi erguida em 1732 pelos jesuítas. Também é uma das raras que conservam a ornamentação original. Dentro estão os claustros inacessíveis por quase três séculos - agora abertos ao público.




CEMENTERIO DE LA RECOLETA

Os recoletos eram monges franciscanos que fundaram o cemitério de 1822, o mais antigo da cidade. A fama vem, principalmente, do interesse da população pelos jazigos da aristocracia, personagens históricos, e pessoas famosas. Ali estão sepultados Presidentes da República, figuras importantes da independência, militares e artistas. Mas, a atração principal, é o jazigo da família Duarte, onde está o corpo embalsamado de Eva Perón.



FLORALIS GENÉRICA

Essa escultura de 20m de altura abre suas seis pétalas ao sol e as fecha ao escurecer. Doada à cidade em 2002 pelo arquiteto Eduardo Catalano, feita de aço e alumínio, estima-se que tenha custado 5 milhões de dólares. Atualmente, seu mecanismo está com defeito e a flor permanece sempre aberta. Mesmo assim, é linda de se ver.




EL ATENEO GRAND SPLENDID

A segunda livraria mais bonita do mundo (segundo o jornal inglês The Guardian), está instalada onde antes era o Teatro Grand Splendid, construído em 1919. Nas galerias, os lugares das poltronas foram substituídos por prateleiras de livros, CDs e DVDs. O palco se transformou em um café, onde se pode ouvir piano ao vivo com frequência. Ao todo são 4 andares e no subsolo fica a livraria infantil.




PATIO BULLRICH

Shopping-boutique mais refinado da cidade, tem importantes grifes nacionais e internacionais, como Cacharel, Lacroix, dentre outras. É cercado de hotéis 5 estrelas.






PALERMO                                                                           
É o bairro mais verde da cidade e possui praças agradáveis, museus imperdíveis, casarões, prédios de alto padrão e um belo conjunto de parques.


PARQUE 3 DE FEBRERO
(Bosques de Palermo)

É o coração da vizinhança: um imenso oásis de 80 ha com lagos, jardins temáticos e muita sombra. Quando foi inaugurado, em 1875, a intenção era estimular a prática de exercícios ao ar livre.






ROSEDAL

É o melhor trecho da 3 de Febrero. Numa área de 34.000 metros quadrados, possui cerca de 15 mil roseiras de várias espécies. Criado em 1914, a intenção era que fosse um expoente de bom gosto e cultura e que representasse o progresso da cidade.





JARDÍN JAPONÊS

Projetado em 1967 pela colônia japonesa para agradecer o acolhimento recebido, foi redesenhado dez anos depois por uma paisagista inspirada nos jardins zens que antecedem os templos no Japão. Há 350 espécies de plantas nativas japonesas, carpários, lagos, pontes e recantos para meditação.





JARDÍN ZOOLÓGICO de La Cuidad de Buenos Aires
Inaugurado em 1888, é o mais antigo do continente americano. Conta com um belo projeto paisagístico, foi declarado Patrimônio Histórico Nacional em 1997. Um dos diferenciais do zoo é o aspecto arquitetônico dos pavilhões que reproduz não só as origens mas também o habitat natural dos animais.



PALERMO VIEJO                                                                 
O subdistrito (não oficial) mais cosmopolita da cidade virou ponto de encontro dos descolados de vários cantos do mundo. O mercado imobiliário captou o frisson e aproveitou a queda no valor dos imóveis durante a crise de 2001 para comprar armazéns e antigas casas e transformá-las em lofts, bares, restaurantes, lojas moderníssimas e estúdios de TV.

E tentou glamourizar ainda mais a coisa dividindo o pedaço em Palermo Soho (ao redor da Plaza Cortazár, onde estão as lojas mais legais e cafés onde você vai querer passar a tarde) e Palermo Hollywood (pra lá da linha do trem, sede de produtoras de cinema e TV, onde estão os melhores bares e restaurantes para jantar).

PLAZA CORTAZÁR (SERRANO)
É o centro de Palermo Soho. Durante o dia, os bares voltados para a praça recebem todos para uma cerveja, uma gaseosa (refrigerante) ou uma refeição. No centro da praça, uma feirinha hippie permanece firme. Quando a tarde cai, a praça vira uma extensão dos botecos.


 PLAZA PALERMO VIEJO
Mais discreta que a irmã de bairro, também está rodeada de bares, restaurantes e lojas e é bem arborizada. Aos sábados tem uma feira livre e às vezes serve de palco para músicos e artistas. Abiga no final do ano o Festival Buendía, de novos estilistas e designers portenhos.






MERCADO DE LAS PULGAS
Este galpão abriga vários artigos de segunda mão, desde telefones da década de 50, discos de vinil, jogos de louça inglesa, móveis antigos e bonecas de prcelana francesa. Mas é preciso muita paciência para garimpar...


BELGRANO                                                                         
Belgrano é dos portenhos. Poucos turistas se abalam até esse bairro, que fica ainda mais pra lá de Palermo. Belgrano é também dos imigrantes. Abriga, também, o Centro Cultural Islâmico e uma das poucas áreas não planas da cidade. Um de seus enclaves virou o Bairro Chino, um fervilhante pedaço ocupado por chineses, nos arredores da Calle Arribeños. Além do Bairro Chino, tem o Belgrano R - um arborizado reduto de casas residenciais de estilo europeu, próximo à estação de ondem partem os trens para a cidade de Rosário; Las Cañitas, que já abrigou plantações de cana-de-açúcar e hoje é o ulgar para sair para jantar bem vestido; La Imprenta, cheio de lojas legais e restaurantes.






CALLE OLLEROS
É um dos mais belos pontos do bairro e mais um encanto escondido na capital. Trata-se de um boulevard com pequenas praças, coberto por árvores de copas fartas. Perfeito para relaxar.



CENTRO CULTURAL ISLÂMICO REY FAHD
Inaugurado em 2000, tem duas mesquitas -  uma para 1.200 homens e outra para 400 mulheres; escolas, museus e organizações culturais islâmicas. Recomenda-se decoro no vestuário. As visitas são suspensas e caso de chuvas.




LA IMPRENTA / LA CUADRA
Os arredores da Calle Migueletes são um pedaço bem charmoso da cidade. Há uma sequência de boutiques, lojas de decoração e restaurantes bacanas, um ao lado do outro. 
La Cuadra é uma antiga viela fechada e transformada em uma espécie de jardim de inverno - ótimo para ler à sombra das árvores e ao som de música ambiente.





MUSEO DE ARTE ESPAÑOL ENRIQUE LARRETA
A mansão de 1880 é toda decorada como um palácio renascentista espanhol. Além de coleção de arte, o jardim hispano-mourisco de 5980 m quadrados é uma obra à parte.







MUSEO HISTÓRICO DOMINGO F. SARMIENTO
Já foi sede do Congresso e gabinete do presidente na época em que Buenos Aires declarou guerra ao resto do país, em 1880.

PARQUE BARRANCAS DE BELGRANO
Por sua geografia acidentada (algo incomum em Buenos Aires), a variedade de espécies e o valor patrimonial de suas esculturas, o Parque é considerado um dos mais atraentes da cidade. Tem mais de 67 espécies vegetais diferentes. Nele há uma réplica da Estátua da Liberdade americana, também esculpida pelo autor da obra original.
Para os amantes do tango, aos finais de semana  as pessoas se reúnem em um grande coreto para praticar e dançar.



PLAZA GENERAL MANUEL BELGRANO
Próximo das Barrancas, é conhecida também como Plaza Juramento. No centro da praça há um monumento ao General Belgrano, (que participu da Guerra da Independência e criou, em 1812, a bandeira argentina).  Aos domingos e feriados abriga uma feira de artesanato.





ABASTO                                                                               
O bairro respira tango e arte. Aqui viveram os dois maiores ícones do tango argentino: Carlos Gardel e Aníbal Troilo. Mas, para além do tango, trata-se do lugar mais multicultural da cidade, marcado por aromas e sotaques italianos, espanhóis, judeus, árabes, armênios, coreanos, chineses, russos, bolivianos, peruanos e paraguaios. Os primeiros imigrantes escolheram o bairro atraídos pelo imenso comércio ao redor do mercado central e pela grande quantidade de conventillos - os cortiços de Buenos Aires. Quem ainda mora por lá (na maioria sul-africanos e asiáticos) costuma dividir este tipo de moradia.
O nome do bairro remete ao antigo mercado central, que funcionou de 1883 a 1984 e abastecia toda a cidade. Transformado no Shopping Abasto, o edifício conserva a arquitetura original - que já vale a visita.

....(continua).....











CENTRO

Senta que lá vem mais História!

MONTEVIDÉU



PUNTA DEL ESTE

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Senta, que lá vem História!

Buenos Aires respira e transpira história. A cidade é extremamente antiga, assim como é extremamente preservada. Claro que possui prédios caindo aos pedaços, abandonados, mal cuidados, com em qualquer lugar do mundo. Mas esses são minoria...

Buenos Aires - Como tudo começou...

Houveram várias tentativas de colonização daquelas terras ao sul, todas frustradas. 
Em 1536 o militar espanhol Dom Pedro de Mendoza se instalou às margens do Rio Riachuelo e, comandando um grupo de aproximadamente 2 mil pessoas, se estabeleceu no povoado de Cuidad y Puerto de Santa Maria del Buen Ayre. Essa população acabou sucumbindo à fome, isolamento, doenças e ataques de índios.


Finalmente em 1580, Juan de Garay tomou posse da cidade, criando a Cuidad de La Santíssima Trinidad y Puerto de Santa Maria del Buen Ayre, exatamente no local onde hoje é a Plaza de Mayo.

Plaza de Mayo - Buenos Aires
PLAZA DE MAYO

A Plaza de Mayo originou-se da Plaza Mayor, construída quando da fundação da cidade por Juan de Garay, em 1580. Ao oeste, construiu-se o Cabildo e a Catedral Metropolitana e a leste, o forte (que originou a Casa Rosada).
A praça sempre foi o centro da vida política da capital, desde a época colonial e seu nome comemora a Revolução de Maio de 1810.
Desde a década de 70, as Mães da Praça de Mayo se reúnem todas as quintas feiras, caminhando em círculos ao redor da praça, com fotos de seus filhos desaparecidos e mortos durante a ditadura militar, usando lenços brancos na cabeça. Uma curiosidade: suas palmeiras foram trazidas do Rio de Janeiro.

CABILDO

Cabildo, em 1810 - Plaza de Mayo - Buenos Aires

Localizado na Plaza de Mayo, o Cabildo foi construído precariamente no início do séc. XVII, e foi a primeira sede de governo, com várias funções políticas e administrativas, além de servir como prisão. Em 1725 foi reformado e em 1740 foi reinaugurado, mas o 2º andar e a torre central só foram finalizados em 1748.




Cabildo - Buenos Aires






Durante os séculos XX e XXI, perdeu 6 arcadas (3 de cada lado) para dar lugar à abertura das Avenidas de Mayo e Presidente Julio Roca.
Em 1933 foi declarado Patrimônio Cultural.
Hoje abriga o Museo Nacional del Cabildo y La Revolución de Mayo, contendo documentos da revolução, armas, medalhas e móveis da época das guerras da independência.










CASA ROSADA

Casa Rosada - Plaza de Mayo - Buenos Aires
Construída em 1565 e inicialmente chamada de Real Fortaleza de San Juan Baltazar da Áustria, teve seu projeto inicial modificado várias vezes no decorrer dos tempos. Sede do governo da Argentina desde 1873, é um dos cartões postais de Buenos Aires. A justificativa para o nome Casa Rosada é controversa: uns dizem que a sua cor é resultado de uma mistura de cal com sangue de boi, para baratear os custos da pintura e impermeabilizar as paredes; outros dizem que a mistura das cores branca e vermelha deveu-se a uma homenagem à conciliação dos dois partidos políticos (antes rivais) que existiam à época. Também chamada de Casa de Gobierno, possui um museu com mais de 10 mil objetos. A troca da guarda (ou granadeiros) acontece a cada duas horas, de 7h às 19h. Existem visitas guiadas e gratuitas diariamente.

BANCO DA LA NACIÓN ARGENTINA



Fundado em 1891, por iniciativa do Presidente Carlos Pellegrini, como um meio para resolver a crise econômica que assolava o país e afetava, principalmente, o sistema bancário. É um banco 100% estatal e, no decorrer dos anos, transformou-se no maior banco comercial argentino.





CATEDRAL METROPOLITANA

É o maior templo católico da cidade. Construída em 1593, foi reconstruída diversas vezes, levando 250 anos para ser finalizada. Sua fachada lembra os templos gregos, mas seu interior é tipicamente barroco.
Numa das naves encontra-se o mausoléu do General San Martin, líder da independência. Os altares possuem imagens do séc. XVII, piso de ladrilhos venezianos (feitos na Inglaterra) e azulejos renascentistas, além do espetacular órgão com 2.846 tubos.

 




PALACIO MUNICIPAL



O Palacio Municipal de la Ciudad de Buenos Aires (sede da "prefeitura", no primeiro piso) e Palacio de Jefatura de Gobierno de la Ciudad de Buenos Aires (a sede da polícia, no 2º piso). Encontra-se no entrocamento da Avenida de Mayo e da Plaza de Mayo.
Construído entre os anos de 1890 a 1893, foi um projeto audacioso, uma vez que a cidade não tinha muitos recursos financeiros para a construção. Foram utilizados os restos das residências que foram demolidas para a abertura da Avenida de Mayo. Muitos dos mosaicos e cristais são remanescentes dessas residências. O Palacio foi ampliado em 1911 e, em 2005, durante as obras de restauração, descobriu-se em seus porões vários documentos e objetos da época de sua construção.



A cidade não tinha riquezas e acabou sobrevivendo de contrabando vindo do Brasil (acredite se quiser)! Até o início do séc. XVII tinha pouco menos de 500 habitantes e pouquíssimos ousavam a se aventurar nas inóspitas terras dos Pampas, devido às sangrentas lutas contra os índios. Só após o séc. XVIII os primeiros bandeirantes portenhos começaram a desbravar o território, formando as estâncias onde começaram a criar os seus rebanhos. Buenos Aires começou a exportar couro para a Europa e este passou a ser o seu principal produto.

Em 1776, a Coroa espanhola tornou a cidade a capital do Vice-Reino do Prata, levando à expansão e ao progresso da região. Começaram a chegar os primeiros imigrantes: italianos, franceses e espanhóis, que muito influenciaram na arquitetura e desenvolvimento da cidade.

A Inglaterra começou a namorar as colônias espanholas com promessas de livre comércio e tarifas reduzidas. Em 1806 o General Beresford invadiu a cidade e, apesar das propostas sedutoras, acabou deparando-se com o povo rebelado. A população garantiu a sua expulsão e deu força ao argentino Liniers, que acabou aclamado Vice-Rei pelas mãos do povo.
Em 1807 houve nova invasão pelos ingleses e, então, Liniers liderou a resistência, bombardeando o inimigo inclusive com óleo fervente derramado dos telhados. Resquícios dessa batalha podem ser vistos no Convento de Santo Domingo, também conhecido como La Basilica de Nuestra Señora del Rosario, no Bairro de Montserrat.


Na invasão, conhecida como Combate de Santo Domingo, muitas das balas de canhão atiradas atingiram a única torre da igreja (a do lado esquerdo), destruindo-a. Depois, ao ser reconstruída, as balas foram incluídas na sua fachada, como recordação daquele episódio. Também se encontram no local quatro bandeiras tomadas dos ingleses por Liniers, assim como os restos mortais de Manuel Belgrano. Somente em 1849 a torre da direita é terminada.

A Argentina iniciava sua revolução pela independência. Tiraram do poder a elite espanhola e se revoltaram contra aqueles que ainda apoiavam a Coroa Espanhola. Em 25 de maio de 1810, um protesto público deu início à Revolução de Maio, que culminou com a independência da Argentina, em 09 de julho de 1816.

Em 1880 Buenos Aires se torna a capital do país. Terminam os conflitos e dá-se início a uma grande reforma urbana, entrada de imigrantes (principalmente italianos), programas de reurbanização inspirados em Paris. A capital prospera e começa a erguer os seus mais importantes edifícios: o Palácio Municipal, o Congresso de La Nación, o Teatro Colón, as Galerías Pacífico, os grandes monumentos. Houve a remodelação da Casa Rosada e a abertura das Avenidas de Mayo e 9 de Julio.


CONGRESSO DE LA NACIÓN


O Congresso de La Nación Argentina é a sede do parlamento argentino. É um dos edifícios mais imponentes de cidade. Construído em 1906, com a cúpula revestida de cobre (elementos que remetem ao congresso americano), possui uma curiosidade: as cadeiras dos parlamentares possuem um contrapeso que os exclui do placar quando se levantam, evitando que os votos sejam computados sem que eles estejam presentes.
www.congreso.gov.ar


TEATRO COLÓN

Considerado um dos melhores teatros do mundo, devido à sua acústica e valor artístico da construção, teve sua pedra fundamental instalada em 25 de maio de 1890, e foi marcada pelas mãos de 3 arquitetos, sendo que o primeiro morreu em 1891, o segundo foi assassinado em 1904 e o terceiro finalizou o projeto, inaugurando-o em maio de 1908, com a apresentação da Ópera Aída, de Verdi. Cada um deles deixou a sua marca.
O teatro em sí vale uma visita: a sala principal, em forma de ferradura, com 33m de diâmetro, sete andares de camarotes, a cúpula da sala principal, o candelabro central de 7m de largura e a escadaria em mármore impressionam. www.teatrocolon.org.ar/por


GALERÍAS PACÍFICO


O prédio, inspirado na galeria parisiense Lafayette, foi inaugurado em 1889 e abrigava a loja Bon Marché. Fracassada, abrigou várias instituições de arte e de comércio até 1946, quando foi reformada e recebeu afrescos de renomados pintores argentinos. São mais de 100 lojas, inclusive de grandes grifes internacionais, e praças de alimentação.
www.galeriaspacifico.com.ar


 
Os arquitetos começaram a imitar o estilo europeu, dando origem ao bairro da Recoleta. Até o material de construção vinha da Europa. No final do séc. XIX e início do séc. XX a cidade sofreu importantes transformações, prosperando economicamente e desenvolvendo a infraestrutura urbana. A melhoria geral nos serviços públicos permitiu que a cidade tivesse o primeiro metrô iberoamericano. Buenos Aires prosperava, exportando carne e couro, e importando boas maneiras. Uma lei de 1902 proibia os moradores de cuspir no chão!

Após esse período de prosperidade instalou-se uma grave crise econômica que levou a um golpe de Estado, fazendo surgir a figura do General Juan Domingo Perón, que percebeu a força das massas trabalhadoras. Foi eleito presidente em 1946, com a ajuda de sua companheira, Eva Duarte, que acabou superando a popularidade do marido.

Evita, como era conhecida, não tinha nenhum cargo oficial, mas trabalhou em prol dos descamisados e teve grande reconhecimento e popularidade. Implantou a educação religiosa no país, arrecadou fundos, estabeleceu parcerias voluntárias, construiu creches, asilos, hospitais e orfanatos. Incentivou políticas de apoio à mulher, criou o Partido Feminista Peronista e, finalmente, em 1951, foi eleita Vice-Presidente da República. Foi forçada pelo Exército a renunciar ao cargo, devido ao avanço de sua doença.

Perón dominou o país até a morte da esposa, em 1952, vítima de câncer (aos 33 anos) quando aconteceu outro golpe de Estado, levando a várias idas e vindas do governo militar no país até que, em 1973, voltou ao poder. Perón morreu no ano seguinte e sua 2ª esposa, Isabelita, assumiu o poder. Sem muita aceitação, sofreu um golpe militar em 1976.

O terror se instala na Argentina. Foram tempos de extrema opressão, falta de liberdade, assassinatos (cerca de 30 mil), crimes políticos. O país ficou estagnado e numa tentativa patriótica, declarou guerra à Inglaterra pela posse das Ilhas Malvinas. O fracasso da Guerra das Malvinas culminou com a queda da ditadura militar. O presidente eleito, Menem, deixou o país numa grave crise econômica, que teve seu auge no início dos anos 2000. O desemprego aumentou assustadoramente, e muitos portenhos deixaram o país. Bancos quebraram. A população se mobilizou e conseguiu derrubar quatro presidentes em menos de um mês!

Em 2003 o país começa a se reerguer. O presidente Néstor Kichner trouxe um crescimento econômico para o país. Sua sucessora, e sua esposa, Cristina Kichner, eleita em 2007, deu continuidade ao trabalho do marido. A crise econômica mundial atingiu em cheio a Argentina, aumentando as críticas contra a presidenta. O país vai se reenguendo a passos lentos. Em 2010 o país comemorou seu bicentenário, com festejos em todo o território nacional.


Uma coisa não pode se negar: apesar da rivalidade na economia e no futebol entre Brasil e Argentina, de maneira geral nossos vizinhos hermanos são muito simpáticos com os brasileiros. Os portenhos são muito cordiais e atenciosos.


O TANGO


O tango surgiu entre os marinheiros, estivadores e imigrantes, nas tardes e noites das casas de prostituição de La Boca, o primitivo porto de Buenos Aires, por volta de 1880. Com melodias melancólicas e fama de lascivo, foi ganhando o mundo. Inicialmente era dançado por dois homens, por isso a tradição de se ter os rostos virados, sem se fitar. O Tango mescla o drama, a paixão, a sexualidade, a agressividade, é sempre e totalmente triste. Trata-se de uma dança masculina, por isso a mulher é sempre submissa.
Em 1918, Carlos Gardel conquistava corações com seus tango-canção, fazendo fama com seus discos e filmes. Outros músicos de destaque são Aníbal Trilo (el Pichuco), Astor Piazzolla (que adicinou traços de clássico e jazz ao tango) e Leopoldo Frederico.
Em  2009, o tango passa a ser classificado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO.


GASTRONOMIA: A PARRILLA


A origem da parrilla argentina remete à era colonial. Os "gaúchos" (vaqueiros) caçavam e faziam o asado em hastes fincadas no chão, se aperfeiçoando na arte de assar.  O costume cruzou regiões e se tornou um prato nacional. É de alta qualidade e preço baixo.






GASTRONOMIA: EMPANADAS


Com carne (ou frango), azeitonas, ovos cozidos, batatas, uvas passas, cebolas e pimentão, são um tipo de pastelzinho que leva qualquer pessoa ao delírio! A carne pode ser em pedacinhos ou moída e as empanadas podem ser assadas ou fritas. Também existem versões vegetarianas, como de humita (milho) ou queijo.





GASTRONOMIA: ALFAJORES

Muito popular na Argentina, o doce é considerado um ícone da cultura do país. São consumidos cerca de 6 milhões de alfajores por dia! Existem centenas de marcas, sendo que o Havana praticamente tornou-se sinônimo do produto em si.
O doce é composto por duas ou três camadas de massa, que após assadas devem ser crocantes e macias, quase esfarelando, e um recheio de dulche de leche, coberto com chocolate ou polvilhado com açúcar de confeiteiro.

GASTRONOMIA: SORVETES


Graças à forte imigração italiana a cidade tem grande tradição em sorvetes artesanais. São infinitos sabores e combinações de sabores: somente de dulche de leche cada sorveteria tem pelo menos cinco opções. A mais tradicional é a Freddo: inaugurada há mais de 40 anos possui mais de 30 lojas espalhadas pela cidade. Sua viagem não será completa se não curtir um helado, mesmo que seja no inverno.


GASTRONOMIA: VINHOS

A evolução das vinicultura argentina tem produzido boas surpresas, até para os paladares mais refinados. O país se destaca por oferecer boas opções a preços acessíveis. A grande estrela é a uma Malbec, forte na província de Mendoza, de sabor pronunciado, o vinho dessa uva deixa um gosto forte e presistente na boca. É aconselhado para acompanhar carnes vermelhas, por isso a perfeita combinação com a culinária argentina.